Pontos Cardeais
As palavras concluem o silêncio
Não parecem esgotar-se
Cavalgam o cérebro
Se é que não estou mergulhando nas lembranças
No que tocam meus olhos alertas
Zelosos
Desbotados
Árvore e folha
Pandeiro e flauta
Tudo sucumbe ao Tom e ao Ritmo
flutuo despida
pelos pontos cardeais
Sedenta
Sou um segredo
um estremecimento
um lamento
No simples gesto de acender a luz
e te olhar ao espelho na escuridão
Neste labirinto perco a visão
Crivando os lugares comuns
Deixam os pés no lodo
Caçador caçado
Sem armadilha
Sem rede
Caçador caçado
Caçado
Caçador
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Animais
E teu corpo cai em meu peito
e a palavra nos flancos
e nos fundimos num poema
e somos animais
fazemos
e desfazemos
e somos animais
que fazemos
e desfazemos
Em ti
Lentamente descobriste
Que a noite gira em tuas costelas
E se abre
E se estende
Até cair muito dentro
Até cair muito fundo
No trevo de teu sexo
E se estende
No eterno assovio do silêncio.
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Letras
Estes montinhos de pedras empilhadas
balbuciantes
rigorosamente calvas
desejam tomar bruscamente
algo de certeza
Tentam incinerar escuridão e cativeiro
Ocultas mordem o ventre
Assalta a sanidade tenebrosa
Caem sobre um papel de cinzas e chá envelhecido
Tudo é possível
Creio em absoluto
(É o risco que se corre)
Este monstro
Busca auxílio
Busca magia
Resplandecimento extinguido em neon e caos
Se arma em absoluta incerteza
símbolo de um frenesi que estende os braços
e abraça
Até comer os miolos com sua gula.
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Original em Espanhol.
Tradução: Marciano Vasques